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Para Tony Blair, financiamento e tecnologia são soluções para a crise climática

Crédito: Bruno Carachesti / Agência Pará

Muito honorável primeiro-ministro da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte foi a principal atração do segundo dia da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias

A solução para a crise climática passa pelo financiamento e pelo investimento em tecnologias que consigam alterar a forma como lidamos com o crescimento econômico. Essa foi a mensagem central da participação do muito honorável Tony Blair, primeiro-ministro da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte (1997-2007), durante a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, nesta quinta-feira (31), em Belém (PA).

Ao avaliar a demora da humanidade a reagir às transformações ambientais resultantes da atual forma de produção e consumo, Tony Blair se lembrou de que, em 2004, as energias eólica e solar eram soluções muito caras. “Hoje, ambas são baratas e isso aconteceu em função do progresso tecnológico”, pontuou, para exemplificar a importância de investir em inovação. “O mundo vai continuar a crescer e precisamos continuar a remover as pessoas da situação de pobreza. E como faremos isso de forma sustentável? O equilíbrio entre sustentabilidade e desenvolvimento é que está no cerne dessa questão”, complementou.

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte afirmou não acreditar que exista uma mudança de postura das pessoas em função da crise climática, embora, pelo menos no Ocidente, elas acreditem que isso seja importante. “Estamos passando por uma crise de custo de vida em vários países europeus em função da alta do custo da energia, que chegou a triplicar em algumas nações. Então, os governos estão mais focados em administrar a situação para que as pessoas tenham energia a um preço razoável, e acabam recorrendo a formas tradicionais de energia, como os combustíveis fósseis”, observou.

Em relação ao financiamento para a transição da economia de baixo carbono, Tony Blair reconheceu a desvantagem dos países em desenvolvimento em relação às metas de redução na emissão de gases de efeito estufa, mas pontuou que essa é uma questão que precisa ser trabalhada por todas as nações. “Os países desenvolvidos criaram o problema, então, historicamente, a responsabilidade está nas mãos deles. Contudo, neles as emissões estão caindo. Até 2030, as emissões dos Estados Unidos e Europa representarão 20% das globais. Em contrapartida, os países em desenvolvimento não criaram o problema e agora querem se desenvolver. Então, as emissões deles começaram a subir. Em 2030, Índia, China e o restante do sudeste asiático contabilizarão 70% das emissões”, ponderou.

Tony Blair também falou sobre o envolvimento do Rei Charles III com a pauta ambiental e a importância da monarquia para o Reino Unido; sobre a revolução que está a caminho com o crescimento da inteligência artificial, especialmente em áreas como a saúde, com novas oportunidades de medicamentos e tratamentos; e negou que tenha planos de voltar à Downing Street 10, notícia que chegou a ser veiculada em alguns jornais internacionais.

Ao falar sobre as dificuldades enfrentadas por quem opta pelo caminho político, o muito honorável Tony Blair pontuou que essa “é a única situação em que você tem um trabalho muito importante e coloca nele pessoas sem nenhuma qualificação”. Para reduzir esse quadro, ele citou os esforços do Tony Blair Institute for Global Change para encurtar a curva de aprendizado dos líderes. “Eles têm um trabalho difícil. Se você não quer ser criticado, não seja líder. Agora, você tem que ouvir as críticas, mas não deixar elas te paralisarem, especialmente hoje, que as redes criam um ambiente muito duro”, comentou.

No final, o primeiro-ministro deixou uma mensagem positiva para os participantes da Conferência: “O que deve nos alimentar e dar esperança é que a humanidade não criou problemas que estejam além da sua capacidade de resolvê-los. Não vai ser fácil, mas vai acontecer com trabalho duro, comprometimento e um bom plano”.

Sobre a Conferência

A Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias é promovida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), organização sem fins lucrativos, que reúne mais de 130 empresas e instituições que atuam no setor mineral e assumiram o compromisso de proteger a Amazônia. O IBRAM e seus associados estão comprometidos com inovações no setor e com a difusão das melhores práticas empresariais e ambientais.

O evento reúne representantes dos povos da floresta, da sociedade civil, academia, setores públicos e privados na capital paraense para tratar de questões que envolvem meio ambiente, economia e desenvolvimento sustentável.

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