Painel da ‘3ª Conferência Internacional Amazônia’ debate desafios da segurança e soberania na Amazônia diante do avanço do crime organizado
A 3ª Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias reuniu na manhã desta sexta, 31/10, especialistas civis e militares no painel “Economia, Soberania e Ilícitos: Desafios estratégicos para a segurança nacional”, que discutiu o impacto das atividades ilegais na Amazônia e os caminhos possíveis para garantir um futuro em que justiça ambiental e segurança econômica coexistam.
A roda de conversa contou com a participação do General do Exército José Ricardo Vendramin Nunes, Comandante Militar do Norte; Leandro Piquet Carneiro, professor da USP e coordenador da Escola de Estudos de Segurança Multidimensional do Instituto de Relações Internacionais; Melina Risso, diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé; e Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV EAESP. A mediação foi conduzida por Sérgio Fausto, diretor-geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso (FFHC).
Logo na abertura, Fausto fez referência ao artigo de Leandro Piquet, “Conexão América Latina: o cenário do crime organizado e dos mercados ilícitos no bioma amazônico”, que analisa a formação de um ecossistema criminal na região. O ponto de partida serviu para contextualizar o debate sobre como o avanço das atividades ilícitas ameaça não apenas o meio ambiente, mas também a economia e a soberania nacional.
O General Vendramin fez um diagnóstico contundente da situação: “O controle do território é difícil de ser feito pelo Estado. Há um problema econômico profundo e uma incapacidade estrutural que abre espaço para o avanço do crime organizado”, afirmou. Segundo ele, “o maior inimigo do brasileiro na Amazônia é o narcotráfico”, que se associa a práticas como o garimpo e a extração ilegal de madeira, comprometendo a estratégia nacional de segurança.
Para Leandro Piquet, o problema tem raízes antigas, mas se agravou nos últimos anos. Ele destacou que o crime organizado consolidou o controle sobre a região amazônica a partir da metade da década passada, impulsionado por fatores como a corrupção política, a ineficiência do sistema de justiça criminal e a vulnerabilidade institucional. “A Amazônia sempre teve precedentes ilícitos ligados à exploração de recursos naturais, o que facilitou a expansão dessas práticas criminosas”, pontuou.
Sob a perspectiva da sociedade civil, Melina Risso chamou a atenção para as múltiplas emergências que se sobrepõem no território amazônico. “A Amazônia é um território desafiador, com vulnerabilidades econômica e logística complexas. O impacto local tem consequências globais”, alertou. Segundo ela, os crimes ambientais já são a terceira economia ilegal mais lucrativa do mundo, e quando o mercado de drogas se instala na região traz consigo um aumento alarmante da violência. “Precisamos aprender como fazer segurança pública em um território tão particular como a Amazônia”, defendeu.
Já Renato Sérgio de Lima destacou que a Amazônia é pontuada por uma rede criminal complexa, onde diferentes facções de base prisional e grupos ilícitos disputam o controle territorial. “O denominador comum é o domínio do território. A questão central é como o Estado pode retomar essas áreas e regular a economia, incluindo-as na formalidade”, disse. Para ele, a presença efetiva do Estado é condição indispensável para reverter o domínio criminoso.
Os palestrantes convergiram na análise de que a soberania nacional está ameaçada e que o Estado brasileiro ainda não está preparado para exercê-la plenamente na Amazônia. Foram citadas a necessidade de novos modelos de prevenção, mecanismos inovadores de atuação em regiões de difícil acesso e até uma nova doutrina das Forças Armadas, adaptada aos desafios amazônicos. A discussão encerrou com um consenso: é urgente repensar a forma de ocupar, proteger e desenvolver a Amazônia, construindo políticas públicas de longo prazo que unam segurança, sustentabilidade e desenvolvimento econômico.
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A Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias conta com o patrocínio na categoria Master da BHP, Hydro e Vale; na categoria Cota 2, da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e do Governo da Bahia; na categoria cota 3, Itaú, e na categoria Cota 4, Alcoa. Também recebe o apoio da Concertação pela Amazônia, Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e Instituto Arapyaú. A Rede Bahia é a media partner da Conferência.
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