Conferência: Especialistas discutirão meios para promover atividade industrial sustentável, responsável e legalizada na Amazônia
Aliar a atividade industrial sustentável e responsável às novas economias, priorizando às normas regulatórias e às obrigações legais, é uma forma inteligente de promover o desenvolvimento socioeconômico dos territórios na Amazônia. O estabelecimento de novos marcos regulatórios, aliados a instrumentos de financiamento e à captação de recursos para a atividade industrial, são importantes para o desenvolvimento social e econômico do país.
Este tema será debatido por especialistas durante a 2ª Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, que acontecerá entre os dias 6 e 8 de novembro, no Hangar Centro de Convenções, em Belém (PA). Clique aqui para mais informações e inscrição.
Para Anderson Baranov, CEO da Hydro e presidente do Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral), os instrumentos financeiros, como créditos de carbono e financiamentos verdes, podem impulsionar práticas sustentáveis, seguras e responsáveis do setor na Amazônia, tudo conforme a legislação. “Esses mecanismos não apenas incentivam a redução de emissões de carbono, como viabilizam investimentos em tecnologias e processos de menor impacto ambiental”, disse.
Na região amazônica, é essencial a interseção entre as novas economias e atividades produtivas que proporcionem o fomento do desenvolvimento sustentável. “A ampliação das boas práticas ESG entre mineradoras atuantes na Amazônia envolve iniciativas que buscam equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o bem-estar social de comunidades locais. O setor tem investido em tecnologias de descarbonização, práticas de reabilitação ambiental e gestão responsável de recursos naturais, essenciais para mitigar os impactos das operações”, ressalta Baranov.
O CEO da Hydro também destaca a mineração industrial como um dos pilares fundamentais para a transição energética e o avanço de práticas sustentáveis na região. “A razão para isso é que materiais essenciais para a sociedade moderna, como o alumínio, precisam ser descarbonizados para que o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental caminhem juntos”, avalia.
Anderson Baranov participará do debate sobre o tema no dia 7 de novembro, às 10h30. Também estarão presentes no painel: Bruno Pelli, diretor Global de Serviços Técnicos de Mineração (Geologia, Mina e Processo) na Vale; Fernando Facury Scaff, professor Titular de Direito Financeiro da Universidade de São Paulo (USP); Mauro Henrique Moreira Sousa, diretor-geral Agência Nacional de Mineração – ANM; Zé Silva, Deputado Federal e presidente da FPMIN (Frente Parlamentar de Mineração); e Maria Amélia Rodrigues da Silva Enriquez – Professora e Pesquisadora da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará.
Confira abaixo a entrevista completa com o Anderson Baranov:
- Quais são os principais desafios regulatórios que o setor de mineração enfrenta na Amazônia e como superá-los?
A Hydro concentra a maior parte de suas operações brasileiras no Pará, onde produz o alumínio em sua forma primária. É um metal com alta demanda mundial, por sua versatilidade e características em termos de sustentabilidade e flexibilidade, além de ser infinitamente reciclável e fundamental para a transição energética em todo o mundo.
Temos investido significativamente para garantir que essas operações estejam em conformidade com as normas ambientais mais rigorosas. Estamos vivendo uma jornada de descarbonização. Para isso, usamos as tecnologias mais eficientes disponíveis, com destaque para a energia elétrica proveniente de fontes renováveis e com rastreabilidade das emissões ao longo de toda a cadeia produtiva.
Outro ponto importante é a necessidade de incentivos fiscais e políticas públicas que promovam o desenvolvimento econômico da região sem comprometer a preservação ambiental. Nesse sentido, a Hydro tem sido um exemplo de como o uso responsável de incentivos pode gerar impacto positivo. Com mais de R$ 10 bilhões investidos no Pará nos últimos dez anos (sendo R$ 3,8 bilhões de despesas médias anuais com bens e serviços nacionais), a empresa tem contribuído não só para a arrecadação tributária, mas também para a criação de empregos e o desenvolvimento das comunidades locais.
Essa estratégia aumenta a arrecadação tributária geral com a chegada de novos empreendimentos. Além disso, são gerados mais empregos e oportunidades para o estado e a Amazônia a partir dessa política.
- Como os instrumentos financeiros, a exemplo de créditos de carbono e financiamentos verdes, podem impulsionar práticas sustentáveis do setor na Amazônia?
Esses mecanismos não apenas incentivam a redução de emissões de carbono, como viabilizam investimentos em tecnologias e processos de menor impacto ambiental. A estratégia da Hydro para a sustentabilidade envolve as frentes de clima, meio ambiente e sociedade. Dessa forma, a Hydro insere as pautas ESG na estratégia da companhia.
O Fundo de Sustentabilidade Hydro (FSH), por exemplo, já investiu, em quatro anos de atuação, cerca de R$ 40 milhões, dentre os R$ 100 milhões previstos em 10 anos. Esses recursos ajudam a transformar a vida de mais de 100 mil pessoas, direta ou indiretamente, por meio de parcerias com instituições locais.
Na Amazônia, a COP 30 (conferência sobre mudanças climáticas da ONU agendada para 2025) será uma oportunidade única para que sejam apresentados à sociedade global avanços que o setor privado, em especial a indústria de alumínio, vem alcançando e executando em prol do desenvolvimento de baixas emissões.
Nesse contexto, precisamos dar atenção ao conceito de Natureza Positiva: não basta apenas evitar a degradação da natureza; é preciso regenerá-la. Para isso, é fundamental entender a extensão do impacto causado para determinar o quanto precisa ser restaurado.
A Hydro tem realizado investimentos robustos em pesquisa, reflorestamento do bioma amazônico, reaproveitamento de água, reúso dos resíduos de bauxita e utilização de energias renováveis em nossas operações. Para a biodiversidade, definimos a ambição de não atingir nenhuma perda de biodiversidade para todos os novos projetos, além da meta de reabilitação 1:1 existente.
Cabe ressaltar que a companhia tem rígidos padrões de controle, monitoramento e prevenção para minimizar a pegada de carbono e preservar a biodiversidade e o bem-estar das comunidades vizinhas, além de perseguir metas e ambições futuras que contribuam para a redução das emissões de CO₂.
- Como presidente do Simineral, quais são as principais iniciativas para ampliar as boas práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) entre as mineradoras que atuam na Amazônia?
A ampliação das boas práticas ESG entre mineradoras atuantes na Amazônia envolve iniciativas que buscam equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o bem-estar social de comunidades locais. O setor tem investido em tecnologias de descarbonização, práticas de reabilitação ambiental e gestão responsável de recursos naturais, essenciais para mitigar os impactos das operações.
A Hydro é um exemplo disso ao adotar o uso de energia renovável e políticas de reflorestamento. Além disso, se engaja em projetos sociais e econômicos que beneficiam diretamente populações vulneráveis, promovendo integração entre sustentabilidade e crescimento. Governança responsável e transparência são pilares que também estão sendo fortalecidos para garantir práticas éticas e conformidade ao longo de toda a cadeia produtiva.